Albânia Nomeia Primeira "Ministra" de IA do Mundo para Combater Corrupção em Licitações
O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, anunciou a "nomeação" de Diella, uma IA desenvolvida com apoio da Microsoft, como ministra virtual para gerenciar licitações públicas e eliminar fraudes.

A Albânia marca um capítulo inovador na interseção entre tecnologia e governança: o país dos Bálcãs se tornou o primeiro do mundo a "nomear" uma inteligência artificial como ministra de governo. Anunciada na semana passada pelo primeiro-ministro Edi Rama, durante a formação de seu quarto gabinete após vitória eleitoral em maio, a IA batizada de Diella assumirá responsabilidades sobre todas as licitações públicas, com o objetivo de erradicar a corrupção endêmica que assola o setor.
"Diella é o primeiro membro do gabinete que não está fisicamente presente, mas foi criado virtualmente", declarou Rama em postagem nas redes sociais. A entidade, representada por um avatar de uma jovem mulher vestida com trajes folclóricos albaneses, promete tornar os processos "100% livres de corrupção" e totalmente transparentes, removendo decisões de licitações das mãos de ministérios tradicionais.
Antes de sua "promoção", Diella operava desde janeiro como assistente virtual na plataforma e-Albania, um portal de serviços digitais que facilita o acesso de cidadãos e empresas a documentos oficiais. Até o momento, ela emitiu mais de 36.600 documentos digitais e prestou cerca de 1.000 serviços, utilizando comandos de voz e selos eletrônicos para agilizar burocracias. O desenvolvimento contou com cooperação da Microsoft, incorporando tecnologias como Azure OpenAI e modelos avançados de IA para garantir precisão e eficiência.
IA como Arma Antcorrupção
A escolha de Diella reflete uma estratégia ousada de Rama para posicionar a Albânia como pioneira em inovação digital, "pulando etapas" em relação a nações mais avançadas. A corrupção em contratos públicos é um dos maiores entraves para a adesão do país à União Europeia, meta almejada para 2030. No Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional de 2024, a Albânia ocupou a 80ª posição entre 180 nações, destacando-se como hub para lavagem de dinheiro de crimes transnacionais.
Rama enfatizou que a IA atuará como "serva das licitações públicas", avaliando propostas de forma imparcial, sem suscetibilidade a subornos, ameaças ou favoritismos – qualidades "humanas" que perpetuam escândalos. O processo será implementado "passo a passo", com Diella contratando "talentos globais" e quebrando rigidez administrativa. No entanto, o governo não detalhou mecanismos de supervisão humana ou salvaguardas contra manipulações no sistema de IA, gerando preocupações sobre transparência nos dados que a alimentam.
Essa iniciativa contrasta com projetos europeus mais abertos, como uma IA estatal suíça lançada recentemente por pesquisadores, que prioriza transparência total em seus modelos. Para Rama, que já especulava sobre um "primeiro-ministro de IA" no verão passado, Diella representa um futuro onde a tecnologia acelera a governança.
Críticas e Desafios Legais
A novidade não foi unânime. A oposição, liderada por Gazmend Bardhi do Partido Democrata, rotulou a nomeação como "palhaçada inconstitucional", argumentando que a Constituição albanesa exige ministros como cidadãos humanos com capacidade mental e idade mínima de 18 anos. Especialistas jurídicos consultados pela Associated Press indicam que mais legislação é necessária para legitimar o status oficial de Diella, e não está claro se o parlamento votará especificamente por seu cargo virtual. O presidente Bajram Begaj, em entrevistas, evitou classificar a função como ministerial plena.
Nas redes sociais, reações misturam ceticismo e humor: "Em Albânia, até Diella será corrompida", comentou um usuário no Facebook, ecoando temores de que a IA possa ser manipulada por interesses ocultos. Analistas apontam que, apesar do simbolismo, a autoridade de Rama para criar e operar Diella deriva do mandato presidencial para formar o governo.
Implicações Globais
Essa "nomeação" levanta debates sobre o papel da IA em democracias: pode ela realmente promover transparência, ou arrisca centralizar poder em algoritmos opacos? Para a Albânia, é uma aposta arriscada na era digital, alinhada à visão de Rama de um governo "incorruptível". Se bem-sucedida, poderia inspirar outros países em luta contra a corrupção, como no Brasil, onde fraudes em licitações custam bilhões anualmente.
Com informações de agências internacionais como Reuters, BBC e AP. Para mais sobre IA na governança, acompanhe nosso portal.
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