Empreendedorismo Feminino: Brasil ultrapassa a marca de 10 milhões de mulheres empreendedoras
No dia do empreendedorismo feminino, a marca de crescimento é histórica no número de mulheres empreendedoras que se conecta a iniciativas de capacitação, como o Futuro Sorriso, ao mesmo tempo em que pesquisas revelam desafios de digitalização no dia a dia das MEIs
O empreendedorismo feminino no Brasil vive um momento inédito: segundo estudo do Sebrae, baseado em dados do IBGE, o país alcançou 10,4 milhões de mulheres empreendedoras, o maior número já registrado. Entre 2012 e 2024, o crescimento foi de 42%, consolidando o protagonismo feminino como força de inovação, renda e impacto social.
Paralelamente a esse avanço, iniciativas sociais lideradas por empresas privadas reforçam esse movimento. Um exemplo é o Futuro Sorriso, da Neodent, que oferece cursos de costura e empreendedorismo para mulheres em situação de vulnerabilidade em Curitiba. O programa já formou 21 participantes, proporcionando autonomia financeira, autoestima e acesso real ao mercado de trabalho, realidade que se conecta ao perfil de muitas microempreendedoras brasileiras.
A trajetória de Jocelma Aparecida Hutchok ilustra essa transformação. Aos 30 anos, sem experiência anterior na costura, ela encontrou no programa uma oportunidade de recomeço. Hoje, participa de um estágio prático no Instituto Supera e já confecciona as ecobags usadas em ações da própria Neodent. Sua evolução impressionou a equipe do projeto, destacada pela gerente de Responsabilidade Social, Helena Schweinberger. “Ela mergulhou no curso e hoje se posiciona, confia no que faz e valoriza seu trabalho”, afirma.
Essa mudança também ecoa na rotina familiar: os filhos de Jocelma participam do Sorrisos da Vila, outro projeto comunitário da empresa. Para a diretora de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Neodent, Raphaela Borba, essa conexão reforça o alcance das iniciativas sociais. “O impacto se multiplica dentro da mesma família e pode redefinir propósitos de vida”, explica.
Método tradicional
Enquanto histórias como a de Jocelma revelam caminhos de emancipação e novas oportunidades, a pesquisa O Corre do MEI, da plataforma MaisMei, mostra um cenário ainda desafiador no cotidiano das microempreendedoras: 51,06% delas preferem gerenciar seus negócios com papel e caneta, e apenas 18,51% utilizam planilhas digitais, dado que chama atenção em pleno mês dedicado ao Empreendedorismo Feminino.
As mulheres representam hoje 43,7% dos Microempreendedores Individuais (MEIs), mas a resistência à digitalização ainda limita o acesso a ferramentas de gestão mais eficazes. Para a diretora Administrativo-Financeira do Conselhor regional de Administração (CRA-ES), Marília Tavares, essa escolha não é apenas falta de tecnologia: “A escrita manual oferece controle e proximidade com o negócio, especialmente onde o acesso a soluções digitais ainda é restrito.” Ela reforça, porém, que educação financeira e digital continua sendo uma demanda urgente, um ponto revelado pelo estudo, que destaca controle financeiro (13,02%) e acesso a crédito (12,97%) entre as principais necessidades das empreendedoras.
O cenário mostra que, enquanto os índices de empreendedorismo feminino batem recordes históricos, iniciativas de capacitação, inclusão e formação profissional, como o Futuro Sorriso, desempenham papel fundamental para acelerar autonomia, inovação e desenvolvimento social em todo o país.

