O impacto da falta de gestão financeira nas pequenas e médias empresas
Mais de 60% das PMEs brasileiras encerram atividades antes de completar cinco anos; especialistas apontam soluções acessíveis para reverter esse cenário.
Nove a cada dez líderes de pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil afirmam enfrentar dificuldades na gestão financeira. A ausência de planejamento, controles claros e práticas estratégicas faz com que muitos empresários trabalhem duro, mas sem enxergar resultados. O dado ajuda a explicar por que mais de 60% das PMEs fecham as portas antes de completar cinco anos, segundo levantamento recente do Sebrae.
Contexto
As PMEs representam a maior parte dos negócios brasileiros e são responsáveis por grande volume de empregos formais. Apesar disso, a gestão financeira ainda aparece como uma das maiores fragilidades desse segmento. O cenário se agrava diante de crises econômicas, inflação e dificuldades de acesso a crédito, fatores que pressionam a sustentabilidade desses empreendimentos.
Entre os principais desafios enfrentados, especialistas apontam:
- Planejamento inexistente: a ausência de orçamento anual e de metas financeiras claras gera instabilidade e compromete a sobrevivência do negócio.
- Controle de fluxo de caixa deficiente: muitos empresários não acompanham de forma rigorosa a entrada e saída de recursos, dificultando a manutenção da liquidez.
- Sobrecarga do empreendedor: 98% dos líderes de PMEs acumulam, em média, cinco áreas da empresa, além de tarefas operacionais, o que reduz a capacidade de inovar.
- Resistência à tecnologia: apesar de existirem ferramentas digitais acessíveis, muitos empreendedores ainda não as utilizam para simplificar a gestão financeira.
Encerramentos de empresas
Segundo o Sebrae, mais de 60% das PMEs encerram as atividades antes de completar cinco anos. Além disso, pesquisas sobre saúde mental mostram que 50% dos líderes de pequenos negócios relatam cansaço constante e 44% se declaram estressados. Entre mulheres empreendedoras, o número é ainda maior: 53% relatam cansaço frequente e 46% afirmam viver altos níveis de estresse.
Impacto
A má gestão financeira não compromete apenas os resultados das empresas, mas também o bem-estar emocional dos empreendedores. O acúmulo de funções, a pressão por resultados e a ausência de clareza nos números aumentam os níveis de estresse e diminuem a capacidade de planejamento estratégico.
Mas apesar do cenário desafiador, especialistas ressaltam que existem soluções práticas e acessíveis. Entre elas:
- Controle financeiro rigoroso: registrar receitas e despesas e acompanhar diariamente o fluxo de caixa.
- Tecnologia e automação: ferramentas digitais, incluindo soluções com inteligência artificial, ajudam a reduzir custos e aumentar a produtividade.
- Atuação consultiva: contadores e consultores financeiros podem apoiar decisões estratégicas de médio e longo prazo.
- Capacitação: programas do Sebrae e outras entidades oferecem treinamentos específicos para empreendedores.
Vale frisar que a falta de gestão financeira continua sendo uma das principais causas de mortalidade das pequenas e médias empresas brasileiras. Mas com processos bem estruturados, apoio de tecnologia e capacitação constante, é possível transformar números em aliados. Mais do que sobreviver, uma boa gestão garante crescimento, inovação e longevidade empresarial.

