Dia Mundial do Diabetes: alerta para prevenção e importância da saúde bucal e da atividade física

Especialistas explicam como o diagnóstico precoce, os cuidados odontológicos e a prática regular de exercícios ajudam a controlar a doença e reduzir complicações

Dia Mundial do Diabetes: alerta para prevenção e importância da saúde bucal e da atividade física
Foto: Divulgação

No Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta sexta-feira (14), profissionais de saúde reforçam um alerta urgente: o controle da doença vai muito além do monitoramento da glicemia. Em meio ao avanço dos casos no Brasil e no mundo, a data busca conscientizar a população sobre prevenção, diagnóstico precoce e cuidados essenciais para evitar complicações que podem comprometer diversos sistemas do corpo.

A endocrinologista Gisele Lorenzoni ressalta que o diabetes afeta todo o organismo. “É uma doença que compromete a saúde como um todo, aumentando o risco de problemas cardíacos, renais, visuais e neurológicos”, afirma. Ela explica que o diabetes tipo 2, responsável por cerca de 90% dos diagnósticos, está associado principalmente ao sedentarismo e à má alimentação. Já o tipo 1 é uma condição autoimune, geralmente identificada ainda na infância ou adolescência.

Com o aumento da obesidade e o estilo de vida cada vez mais sedentário, Gisele destaca que os números seguem em crescimento. “A adoção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas são fundamentais para prevenir o tipo 2 e, para quem já convive com a doença, ajudam a evitar complicações”, orienta.

A médica reforça que o diagnóstico precoce é determinante para um tratamento eficaz. Sintomas como fadiga, sede excessiva e perda de peso sem explicação podem passar despercebidos e atrasar o início do cuidado.

Saúde bucal e diabetes

A cirurgiã-dentista Bruna Nobre chama atenção para os impactos da doença na boca, muitas vezes negligenciados. Segundo ela, pessoas com glicose elevada têm o sistema imunológico mais lento e menos eficiente, o que facilita a proliferação de bactérias e aumenta o risco de gengivite e periodontite, condições que, por sua vez, podem prejudicar o controle da glicemia.

A cirurgiã dentista Bruna Nobre informa que a visita ao profissional de saúde bucal precisa ser imediata após os primeiros sintomas de diabetes. Foto: Divulgação

Bruna explica que alguns sinais na boca podem indicar descompensação do diabetes e exigem atenção imediata: “Feridas que demoram a cicatrizar, gengivas inchadas, avermelhadas, doloridas e com sangramento, além de mau hálito persistente, mesmo com boa higiene são alguns sinais de que a diabetes está instalada. É necessário visitar um profisisonal para que ele possa ajudar o paciente a didentificar e tratar os problemas", explica.

Para manter a saúde bucal em dia, ela recomenda higienização completa pelo menos três vezes ao dia, com escova de cerdas macias, fio dental, limpeza da língua e uso de enxaguante. As consultas devem ser definidas conforme a necessidade individual, mas, em média, acontecem a cada quatro ou seis meses.

Exercícios físicos como aliados

A prática de exercícios físicos é uma das ferramentas mais poderosas para o controle da glicemia e a promoção de saúde para pessoas com diabetes. Para o profissional de Educação Física Michel Calenzani, três meses de constância já são suficientes para tirar alguém do sedentarismo e provocar mudanças profundas no metabolismo. “A prática de atividade física regular promove a regência da circulação de glicose no sangue, melhora a sensibilidade à insulina e otimiza o perfil lipídico”, explica. Segundo ele, esses fatores contribuem diretamente para o controle da diabetes e reduzem danos futuros associados à doença.

O preparador físico Gustavo Meneghel avisa que treinos de força precisam estar na rotina do paciente com diabetes. Foto: Arquivo pessoal

O preparador físico Gustavo Meneghel reforça o mesmo princípio. “O exercício físico aumenta a sensibilidade das células à insulina, facilitando a entrada da glicose no interior delas e reduzindo os níveis de açúcar no sangue”, afirma. Ele destaca que durante o treino o corpo utiliza glicose como fonte de energia, o que contribui para o controle imediato e prolongado da glicemia.

Essa combinação de efeitos imediatos e crônicos é determinante. Gustavo ressalta ainda que, a longo prazo, o exercício ajuda a controlar o peso corporal, melhora o perfil metabólico e reduz a gordura visceral, “o que diminui a resistência à insulina e melhora o funcionamento dos órgãos”.

Já Michel reforça a importância de unir diferentes modalidades para alcançar o melhor resultado. “A pessoa com diabetes deve fazer treino de força, como musculação, treinamento funcional, crossfit ou pilates, e também treinos cardiovasculares, como pular corda, pedalar, nadar, dançar ou correr”, orienta. Ele destaca que a junção dessas práticas potencializa o controle glicêmico: “A união da força com o cardiovascular melhora a resistência à insulina, aumenta o controle da diabetes, trazendo longevidade e segurança", ressalta.

O profissional de Educação Física Michel Calenzani defende que a atividade física pode salvar vidas. Foto: Arquivo pessoal

Os profissionais acreditam que uma prescrição totalmente personalizada de treinos é fundemantal para que o paciente tenha uma vida mais saudável. “O planejamento de treino deve ser individualizado, considerando o autoconhecimento e a capacidade da pessoa de compreender os sinais que o corpo apresenta antes, durante e depois dos treinos", avalia Michel.

O consenso entre os profissionais é unânime: atividade física regular é uma das principais aliadas no controle do diabetes, desde que realizada com acompanhamento e atenção aos sinais do corpo. Com treino adequado e orientação profissional, os benefícios metabólicos são sólidos, duradouros e determinantes para uma vida mais segura e saudável.