Protocolo inédito é desenvolvido para identificar bebidas adulteradas com metanol
Novo método da Polícia Técnico-Científica de São Paulo agiliza a detecção de metanol e falsificações em bebidas, após casos de intoxicação e mortes no estado
Em resposta à crise sanitária causada por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, o governo de São Paulo apresentou nesta quinta-feira (9) um novo protocolo de identificação da substância, desenvolvido pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC). A iniciativa, inédita no Brasil, já está sendo compartilhada com outros estados e promete resultados mais rápidos nas análises.
Segundo a Agência Brasil, o sistema permite detectar a porcentagem tóxica de metanol mesmo sem laudo final, e já possibilitou o diagnóstico de 30 casos confirmados. O processo inclui quatro etapas: seleção de amostras, verificação de lacres e rótulos, uso de equipamentos portáteis para triagem química e análise detalhada por cromatografia gasosa, que identifica a concentração do metanol nas bebidas apreendidas.
Segundo a perita Karin Kawakami, o protocolo foi aprimorado para dar mais agilidade às investigações diante do aumento dos casos. “Seguimos padrões internacionais, mas adaptamos o sistema para acelerar os resultados”, explicou.
Até o momento, cinco pessoas morreram e 23 casos de intoxicação por metanol foram confirmados em São Paulo, reforçando a urgência de medidas de controle e fiscalização em todo o país.
Espírito Santo
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) informou, o último dia 07 de outubro, que o estado registrou nove notificações de suspeita de intoxicação por metanol. Sendo contabilizadas vítimas nos municípios de Serra, Vitória, Colatina, Vila Velha, Viana e Guaçuí. Até o momento, seis casos foram descartados e três permanecem em monitoramento, localizados em Serra, Vitória e Colatina.
De acordo com a Sesa, não há casos confirmados de intoxicação pela substância após o consumo de bebidas alcoólicas no Espírito Santo. A secretaria reforça que a notificação é feita assim que o paciente dá entrada em uma unidade de saúde, seja pública ou privada, para garantir agilidade na investigação e no cuidado.
Conforme o protocolo do Ministério da Saúde, caso os exames clínicos não confirmem a presença de metanol, o paciente deve permanecer em observação por 24 horas no serviço de saúde onde foi atendido, para assegurar o acompanhamento adequado.
Além disso, a secretaria deu início à compra emergencial do medicamento antídoto ao metanol, o álcool absoluto estéril, popularmente conhecido por “etanol farmacêutico”. O processo de aquisição foi empenhado no dia 03 de outubro e aguarda trâmite para a conclusão e envio do medicamento ao Estado.
“A compra tem por objetivo garantir que, se por ventura tenhamos casos positivos, consigamos atender o paciente da forma mais rápida e adequada, para evitarmos casos graves e óbitos. O medicamento será destinado à rede de urgência e emergência pública do Estado”, explicou o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso.
Diante disso, foram solicitadas a compra 4,8 mil ampolas de álcool absoluto estéril, que se somam ao estoque já existente no CIATox-ES, além do envio a ser feito pelo Ministério da Saúde e de outro processo de compra da Sesa, por pregão, já em andamento.
O uso do antídoto em tempo hábil, em casos positivos para intoxicação por metanol, tende a diminuir o tempo de internação hospitalar, aumentar os índices de cura sem sequelas e até impedir a morte.

