Black Friday exige atenção redobrada: especialistas alertam para alta de golpes no e-commerce

Com aumento expressivo de fraudes digitais no Brasil, especialistas orientam consumidores e lojistas a reforçar medidas de segurança durante a temporada de ofertas

Black Friday exige atenção redobrada: especialistas alertam para alta de golpes no e-commerce
Foto: Divulgação

A Black Friday chega todos os anos acompanhada de uma combinação clássica: descontos, promoções agressivas e o comportamento impulsivo dos consumidores. Se, de um lado, a data movimenta o comércio e promete oportunidades reais de economia, de outro, transforma-se em terreno fértil para golpes, especialmente no ambiente digital.

O alerta é reforçado por dados recentes. Segundo o Relatório de Identidade e Fraude 2025 da Serasa Experian, 51% dos brasileiros sofreram tentativas de golpe no último ano. Em períodos de alto volume de transações, como a Black Friday, os riscos se multiplicam.

“A Black Friday é um dos períodos mais intensos do varejo. Assim como grandes eventos presenciais atraem criminosos, o mesmo acontece nessas datas no ambiente digital”, explica Adilson Neves, diretor comercial da Paytime, fintech especializada em pagamentos digitais. Ele reforça que o prejuízo costuma atingir principalmente os lojistas, já que, em casos de uso de cartões clonados, podem ser responsabilizados financeiramente.

O cenário é preocupante: um relatório da Axur aponta que a exposição de cartões de crédito e débito aumentou 26 vezes em 2024, enquanto o número de credenciais vazadas cresceu 13 vezes.

Cuidado com as ofertas

Para Adilson, a orientação mais importante para os lojistas é investir em soluções de pagamento com sistemas antifraude, autenticação reforçada (como o 3DS) e análise comportamental automatizada. “Se uma loja tem ticket médio de R$ 100 e surge uma transação de R$ 3 mil, o sistema já emite alerta”, exemplifica. Para quem vende pelas redes sociais, ele sugere priorizar links de pagamento com autenticação e criptografia.

Do lado dos consumidores, a atenção também precisa ser redobrada. “Ofertas boas demais, com preços muito abaixo do mercado, são razões para suspeitar. Existem muitos anúncios falsos e tentativas de fraude via WhatsApp ou e-mail, técnica conhecida como phishing”, alerta Adilson. O Brasil segue entre os países com maior incidência desse tipo de golpe, segundo a Axur.

Entre as recomendações estão verificar a reputação da loja, conferir certificados de segurança, consultar plataformas como siteconfiavel.com.br e dar preferência ao cartão de crédito, que oferece camadas adicionais de proteção em caso de fraude. Nas redes sociais, o especialista reforça que o cuidado deve ser o mesmo — perfis falsos e anúncios forjados estão entre os golpes mais frequentes.

Ticket médio

Um levantamento realizado pela Gauge e pela W3haus, ambas do Grupo Stefanini, aponta que a Black Friday deve alcançar um novo recorde de faturamento, chegando a R$ 13,6 bilhões, um avanço de 16,5% em relação a 2024, impulsionado por 17,2 milhões de pedidos e um ticket médio de R$ 808.

Na edição anterior, 80% dos consumidores disseram estar satisfeitos com as promoções. Para este ano, o entusiasmo é ainda maior: nove em cada dez brasileiros pretendem realizar alguma compra.

Mais do que números robustos, o estudo evidencia um perfil de consumidor em evolução, mais criterioso, planejado, presente em diferentes canais e orientado por novas prioridades de consumo. “O consumidor de hoje é mais consciente. Ele aprendeu a se antecipar, a comparar opções em diferentes plataformas e a valorizar não só o preço, mas também vantagens extras, como cashback, cupons e praticidade”, destaca Amanda Gasperini, diretora de crescimento da Gauge.



Consumo consciente

A administradora Marcela Lopes é exemplo de consumo consciente. Ela conta que costuma pesquisar muito antes de comprar, especialmente na Black Friday. A prática, segundo os especialistas, é uma das maneiras mais eficazes de identificar irregularidades e evitar prejuízos.

“Na Black Friday, o consumidor está mais propenso a agir por impulso, o que cria um cenário perfeito para os golpistas. A melhor forma de se proteger é manter a atenção redobrada”, conclui Neves.