Selic mantida em 15% exige cautela e gestão eficiente das empresas capixabas

Comércio, serviços e construção civil estão entre os setores mais afetados pela manutenção dos juros em patamar elevado. Especialistas alertam que, diante do crédito caro, planejamento financeiro e inovação na gestão serão essenciais para atravessar o momento econômico

Selic mantida em 15% exige cautela e gestão eficiente das empresas capixabas
Foto: Divulgação

O recuo da inflação e a desaceleração da economia levaram o Banco Central (BC) a manter, por unanimidade, a Taxa Selic em 15% ao ano, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa é a segunda reunião consecutiva em que o Copom opta por não alterar os juros básicos da economia, que permanecem no maior patamar desde julho de 2006.

A decisão, já esperada pelo mercado financeiro, impacta diretamente empresas e pequenos negócios, que continuam enfrentando um cenário de crédito caro e acesso restrito a financiamentos. Apesar da inflação sob controle, o custo elevado do dinheiro freia o investimento produtivo e o consumo das famílias, o que afeta o ritmo de crescimento de micro e pequenas empresas.

“O empresário que atua em setores sensíveis à variação do consumo precisa redobrar a atenção com o fluxo de caixa e a gestão de custos. A manutenção dos juros em um nível tão alto exige planejamento financeiro rigoroso e eficiência administrativa para manter a operação sustentável”, explicou o conselheiro suplente do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES), Rodrigo de Souza Ribeiro.

Segundo ele, o momento é de cautela e estratégia. “Quem conseguir inovar na gestão, negociar prazos e diversificar fontes de receita, conseguirá atravessar o período de estabilidade dos juros com mais segurança”, destacou.

Mesmo com o crédito caro, o cenário traz um ponto positivo: a previsibilidade econômica. Ao manter a Selic, o Banco Central reforça o compromisso com o controle da inflação, o que dá maior segurança a investidores e fornecedores e favorece o planejamento de longo prazo das organizações.

O economista Vaner Simões reforça que os efeitos da Selic são especialmente fortes em segmentos que dependem de crédito e consumo. “Comércio e serviços locais, como lojas, academias, salões, restaurantes e escolas, sentem primeiro. A construção civil também sofre, porque financiar obras e imóveis fica mais caro. E as pequenas indústrias e oficinas, que precisam de capital de giro, enfrentam dificuldade para manter estoques e pagar fornecedores”, aponta.

Impactos

Segundo Simões, o impacto se espalha pela economia capixaba, reduzindo o ritmo de investimentos e contratações. “Com juros tão altos, as empresas adiam projetos e contratam menos. A roda da economia gira mais devagar: menos consumo, menos produção e menos emprego. Isso pesa mais na indústria, no comércio varejista e nos serviços urbanos”, afirma.

Mesmo as exportadoras e os grandes projetos de infraestrutura do Espírito Santo não ficam imunes. “Investimentos em portos, ferrovias e fábricas ficam mais caros, e financiamentos longos se tornam pesados. Isso pode atrasar obras rodoviárias e energéticas planejadas para o Estado”, avalia o economista.

Por outro lado, o Espírito Santo apresenta fatores que amenizam o cenário. “O Estado tem boa saúde fiscal e inflação controlada, o que preserva o poder de compra e dá fôlego para crescer um pouco acima da média nacional, mesmo com juros elevados”, pondera Simões.

Para os empresários, a palavra de ordem é gestão estratégica. E o economista recomenda: “Negociar prazos com bancos e fornecedores, evitar dívidas longas, buscar linhas de crédito mais baratas, controlar o estoque e investir em eficiência e tecnologia. Além disso, diversificar clientes e produtos é fundamental para reduzir riscos e manter a competitividade”.

Apesar do cenário desafiador, há um ponto positivo: a previsibilidade econômica. Ao manter a Selic estável, o Banco Central reforça o compromisso com o controle da inflação, o que aumenta a segurança de investidores e fornecedores e favorece o planejamento de longo prazo das organizações. “O momento exige cautela, mas também inteligência de gestão. Quem conseguir se adaptar, inovar e planejar bem o caixa, vai sair fortalecido quando o ciclo de juros começar a mudar”, conclui Vaner Simões.