Autoconfiança e liderança: fatores invisíveis que determinam o sucesso das mulheres empreendedoras

Pesquisa aponta que a falta de confiança é uma das maiores barreiras para o crescimento de negócios liderados por mulheres no Brasil.

Autoconfiança e liderança: fatores invisíveis que determinam o sucesso das mulheres empreendedoras
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Mais de 60% das empreendedoras brasileiras já deixaram de assumir oportunidades por falta de autoconfiança, segundo levantamento da Deloitte divulgado em 2024. Especialistas afirmam que o chamado "mindset de crescimento" e o fortalecimento da liderança feminina são fatores decisivos para o avanço dos negócios conduzidos por mulheres no país.

CONTEXTO

O Brasil é um dos países com maior número de mulheres empreendendo. De acordo com o Sebrae, elas representam cerca de 34% dos donos de negócios formais e informais. Apesar da representatividade, o crescimento de muitas empreendedoras é limitado por barreiras invisíveis, ligadas mais ao campo psicológico e cultural do que a questões técnicas.

A chamada “síndrome da impostora” é um exemplo: mulheres altamente capacitadas muitas vezes sentem-se inadequadas ou despreparadas para assumir funções de liderança, negociar preços ou buscar investimentos.

DADOS E ESTATÍSTICAS

Um estudo da Rede Mulher Empreendedora (RME), realizado em 2023 com mais de 5 mil empreendedoras, mostrou que:

  • 62% das mulheres afirmaram já ter perdido oportunidades por falta de confiança.
  • 47% disseram sentir dificuldade em se posicionar como líderes em seus negócios.
  • 68% relataram que crenças limitantes são um dos principais obstáculos na trajetória.

Além disso, levantamento do Sebrae indica que negócios liderados por mulheres têm maior taxa de sobrevivência após os primeiros cinco anos, quando comparados aos liderados por homens, evidenciando que, uma vez superadas as barreiras de confiança, o potencial de prosperidade é elevado.

“A confiança não é um dom nato, mas uma habilidade que pode ser treinada. A mulher que reconhece suas conquistas e busca apoio em redes de mentoria aumenta consideravelmente suas chances de crescimento”, afirma a consultora de carreira e liderança feminina, Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora.

Para Luciana Castro, administradora de empresas e especialista em marketing digital, a mentalidade é um diferencial competitivo: “Muitas mulheres têm competência técnica de sobra, mas deixam de precificar corretamente ou de se expor nas redes por falta de autoconfiança. Trabalhar o mindset de crescimento é tão estratégico quanto investir em marketing ou vendas.”

A empresária Ana Paula Lessa acrescenta: “A forma como a empreendedora se enxerga influencia diretamente a forma como o mercado a percebe. A liderança começa na identidade: quando ela acredita no seu valor, o entorno responde com credibilidade.”

IMPACTO

O fortalecimento da autoconfiança e da liderança feminina vai além do benefício individual. Pesquisas do Banco Mundial apontam que o aumento da participação de mulheres em cargos de liderança e no empreendedorismo pode elevar o PIB de um país em até 5%.

No cotidiano, isso significa mais oportunidades de trabalho, inovação e impacto positivo em comunidades, já que mulheres empreendedoras tendem a reinvestir parte dos lucros em educação e qualidade de vida da família.

Especialistas destacam que não se trata apenas de uma questão individual, mas também de políticas públicas e do mercado. O acesso desigual a crédito, preconceitos de gênero e a sobrecarga com tarefas domésticas são fatores que ainda dificultam o crescimento de negócios femininos.

Nesse cenário, iniciativas de capacitação, programas de mentoria e redes de apoio tornam-se fundamentais para equilibrar as oportunidades.

O futuro do empreendedorismo feminino no Brasil depende tanto de mudanças estruturais quanto da transformação interna das próprias empreendedoras. Desenvolver autoconfiança, assumir posições de liderança e cultivar um mindset de crescimento são passos essenciais para quebrar barreiras invisíveis e potencializar resultados.