Casos de bullying no Espírito Santo crescem 14% em 2024: atenção aos sinais e prevenção
Especialistas alertam sobre a importância da intervenção precoce, educação emocional e cooperação entre família e escola para reduzir a violência contra crianças e adolescentes
O bullying é um fenômeno crescente dentro e fora das escolas, tendo crianças e adolescentes como principais vítimas. Em 2024, quase dez pessoas por dia procuraram cartórios no Espírito Santo para registrar episódios de ofensas, humilhação e agressão. Ao todo, foram 3.057 atas notariais, representando um aumento de 14% em relação a 2023, segundo dados do Sindicato dos Notários e Registradores do Estado (Sinoreg-ES).
Casos de violência extrema, como a morte de Luiz Fernando de Souza Verli, de 10 anos, em Ibatiba, chamam atenção para a gravidade do problema. O estudante teria sido agredido por dois adolescentes de 13 anos enquanto estudava na Escola Municipal de Ensino Fundamental Eunice Pereira Silveira.
Para a psicóloga Germana Cola, os números refletem falhas na intervenção precoce e na formação de valores desde cedo. “O bullying não surge do nada. Muitas vezes, há uma combinação de modelos de agressividade nas redes sociais, na televisão e até em casa, que acabam normalizando a violência. Identificar os sinais de forma antecipada é essencial para evitar tragédias”, alerta.

É necessário ficar atento aos sinais que a criança pode apresentar. Foto: Divulgação
Sinais de alerta incluem choros frequentes, comportamento agressivo, isolamento, alterações no sono e na alimentação, dores de cabeça e recusa em ir à escola. “Esses sintomas podem não aparecer de imediato. Por isso, é importante que as famílias estejam sempre atentas aos pequenos sinais”, completa Germana.
Ambiente escolar
A psicóloga e graduanda em Neuropsicologia, Mariana Lima, ressalta que a escola desempenha papel central na prevenção. “Capacitar educadores para identificar e intervir no início, promover campanhas de prevenção, estimular ações de cooperação e fomentar a educação emocional são ferramentas valiosas contra o bullying. Desenvolver virtudes e bons hábitos ajuda as crianças a cultivarem respeito e aprenderem a lidar com frustrações e limites de forma saudável.”
O diretor-geral da Escola Monte Alvo, Juliano Campana, reforça que o combate ao bullying deve ser responsabilidade compartilhada entre família e escola. “Nossa missão é criar um ambiente acolhedor, onde cada aluno se sinta respeitado e valorizado. Trabalhamos desde cedo com atividades que promovem respeito às diferenças e diálogo entre os estudantes”, explica.
Para prevenir e agir diante do bullying, especialistas recomendam escuta empática, validação dos sentimentos, comunicação com a escola e apoio psicológico. Projetos pedagógicos que desenvolvam empatia, resiliência e diálogo, aliados à participação das famílias, fortalecem a convivência e reduzem comportamentos agressivos.

