Streaming ultrapassa TV por assinatura e se consolida em mais de 40% dos lares brasileiros

Pela primeira vez desde 2016, falta de interesse supera o custo como principal razão para o abandono da TV paga

Streaming ultrapassa TV por assinatura e se consolida em mais de 40% dos lares brasileiros
Foto: Divulgação

O consumo de vídeo por streaming segue em crescimento acelerado no Brasil e já alcança quase metade dos lares com televisão no país. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que 43,4% dos 75,2 milhões de domicílios com TV no país acessam serviços pagos de streaming, o equivalente a 32,7 milhões de residências.

Em contrapartida, a TV por assinatura segue em queda. Apenas 18,3 milhões de lares brasileiros ainda mantêm o serviço, o que representa 24,3% das casas com televisão, o menor índice registrado desde o início da série histórica da pesquisa, em 2016. Há oito anos, essa fatia era de 33,9%, com 22,2 milhões de usuários.

O estudo aponta uma mudança significativa no comportamento dos consumidores: a principal justificativa para não contratar TV por assinatura passou a ser a falta de interesse, que subiu de 39,1% em 2016 para 58,4% em 2024. Já o alto custo, antes o motivo mais citado, caiu de 56,1% para 31% no mesmo período.

Segundo o analista do IBGE Gustavo Geaquinto Fontes, a pesquisa não questiona diretamente o motivo da desmotivação, mas ele afirma que a mudança pode estar relacionada ao aumento do acesso a outras formas de entretenimento. “Possivelmente, um dos motivos dessa falta de interesse pode ser, por exemplo, o streaming, o acesso a vídeos, filmes e séries por outros meios”, destaca.

A pesquisa foi realizada no último trimestre de 2024 e mostra o avanço do consumo digital em detrimento das plataformas tradicionais de TV paga no Brasil.

Alta dos streamings

O número de domicílios brasileiros com acesso a serviços pagos de vídeo por streaming cresceu de 31 milhões em 2022 para 32,7 milhões em 2024, atingindo um universo de 95,1 milhões de pessoas. Os dados fazem parte do suplemento de tecnologia da informação e comunicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgado pelo IBGE.

Esses serviços oferecem uma ampla variedade de conteúdo, como filmes, séries, desenhos, programas jornalísticos e eventos esportivos — com a maioria sob demanda, ou seja, acessível a qualquer momento, com exceção de transmissões ao vivo. O levantamento também apontou que, em 2024, 86,9% das residências com streaming ainda mantinham acesso à TV aberta, uma queda em relação aos 93% registrados em 2022. Já o número de lares que combinam streaming e TV por assinatura caiu de 41,5% para 39,7%.

Um dado que chama atenção é o crescimento de casas que usam exclusivamente streaming: 8,2% dos domicílios com o serviço não possuem televisão aberta nem por assinatura, quase o dobro dos 4,7% de dois anos antes.

A pesquisa também mostra uma forte relação entre renda e acesso ao streaming: nas residências com o serviço, a renda média mensal por pessoa é de R$ 2.950. Já nos lares sem streaming, esse valor é de R$ 1.390. Regionalmente, os serviços pagos são mais presentes no Sul (50,3%), Sudeste (48,6%) e Centro-Oeste (49,2%), enquanto o Nordeste (30,1%) e o Norte (38,8%) apresentam menor adesão.

Presença da TV

A televisão, por décadas item essencial nos lares brasileiros, está perdendo espaço proporcionalmente. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de domicílios com pelo menos um aparelho de TV caiu de 97,2% em 2016 para 93,9% em 2024. Apesar disso, em números absolutos, houve um crescimento significativo: o número de casas com televisão subiu de 65,5 milhões para 75,2 milhões no mesmo período, resultado do aumento no número total de domicílios no país.

O levantamento também mostra que 86,5% das residências recebem sinal analógico ou digital de TV aberta, enquanto 21,3% ainda utilizam antena parabólica. No entanto, apenas 1,5% das casas dependem exclusivamente das parabólicas para ter acesso à programação televisiva, um índice que tende a diminuir com a popularização do streaming e o avanço do sinal digital em todo o país.

*Com informações da Agência Brasil