Economia cresce 0,5% no segundo trimestre, mas mostra sinais de desaceleração
Monitor do PIB da FGV aponta perda de fôlego após alta mais expressiva nos primeiros meses do ano

A economia brasileira registrou crescimento de 0,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025, segundo dados do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados nesta segunda-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O resultado, embora positivo, representa desaceleração em relação ao desempenho do primeiro trimestre, quando a alta foi de 1,3%.
Na comparação com o mesmo período de 2024, o PIB brasileiro avançou 2,4%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a expansão chega a 3,2%, somando um total estimado de R$ 6,1 trilhões no primeiro semestre. O levantamento do Monitor do PIB funciona como uma prévia dos números oficiais que serão apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2 de setembro.
De acordo com Juliana Trece, economista do Ibre, os setores de serviços e indústria foram os principais responsáveis pelo crescimento, embora com intensidades diferentes. “O crescimento dos serviços foi disseminado na maior parte das atividades, enquanto na indústria o desempenho positivo foi puxado pela atividade extrativa, o que mostra maior fragilidade do setor”, explica. Ela ressalta ainda que a desaceleração do segundo trimestre foi influenciada pela ausência do forte impulso da agropecuária observado no início do ano, além do efeito defasado da política de juros elevados.
Taxa Selic e Banco Central
A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, tem impactado diretamente o ritmo da economia. O Banco Central elevou os juros de forma contínua desde setembro de 2024 para tentar conter a inflação, que permanece acima do teto da meta de 4,5%. O efeito do aperto monetário, no entanto, aparece gradualmente: consumo das famílias e investimentos vêm perdendo fôlego. O consumo, por exemplo, cresceu 3,7% no fim de 2024, desacelerou para 2,6% no primeiro trimestre de 2025 e chegou a 1,5% no segundo trimestre.
Além da FGV, o Banco Central também apresentou nesta segunda-feira (18) seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma espécie de “prévia” do PIB oficial. O indicador mostrou expansão de 0,3% no segundo trimestre, acumulando alta de 3,9% em 12 meses. Os dois levantamentos apontam para um cenário de menor dinamismo da economia brasileira, em meio ao desafio de equilibrar inflação, juros e crescimento.
*Com informações da Agência Brasil