Setor de rochas brasileiro intensifica ações contra tarifa dos EUA e estima perdas de US$ 40 milhões em julho

Mobilização envolve encontros no Espírito Santo, Brasília e Washington para tentar reverter medida que ameaça exportações e encarece construções nos EUA

Setor de rochas brasileiro intensifica ações contra tarifa dos EUA e estima perdas de US$ 40 milhões em julho
Foto: Divulgação

Com perdas estimadas em US$ 40 milhões apenas no mês de julho, o setor brasileiro de rochas naturais intensifica sua mobilização nacional e internacional contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações do Brasil. A semana será marcada por ações estratégicas no Espírito Santo, principal estado exportador do segmento, além de compromissos oficiais em Brasília e na Embaixada do Brasil, em Washington.

Nesta segunda-feira (28), o Governo do Espírito Santo, por meio do comitê criado para acompanhar os impactos da medida, promove uma reunião com representantes da Centrorochas e do Sindirochas. O encontro ocorre no mesmo período em que a cadeia produtiva participa, nos EUA, de agenda institucional voltada à tentativa de reversão da tarifa, com destaque para uma reunião na Embaixada do Brasil em Washington.

No Espírito Santo

Coordenado pelo vice-governador capixaba Ricardo Ferraço, o comitê reúne representantes de diversas secretarias e instituições estaduais. A iniciativa reforça a atenção do governo estadual aos efeitos diretos da medida sobre o Espírito Santo, estado responsável por 95% dos embarques de rochas brasileiras aos Estados Unidos.

Segundo a Centrorochas, a estimativa é que, apenas em julho, mais de 1.140 contêineres deixem de ser embarcados a partir do Espírito Santo, o que pode representar uma perda de aproximadamente US$ 38 milhões em exportações estaduais. No cenário nacional, a projeção é de até 1.200 contêineres suspensos e US$ 40 milhões em perdas.

Durante a reunião, a Centrorochas deve apresentar os desdobramentos das articulações em andamento com entidades americanas, como o Natural Stone Institute (NSI) e a National Association of Home Builders (NAHB), uma das maiores entidades do setor nos EUA, que representa construtores, incorporadores, empreiteiros e empresas da cadeia da construção civil -, que também vêm manifestando preocupação com os impactos da tarifa sobre a cadeia da construção civil nos Estados Unidos.

Custo das construções nos EUA pode aumentar

No âmbito das articulações com as associações americanas, a Centrorochas teve acesso a um documento preliminar conduzido pela NAHB. Embora o relatório ainda não esteja finalizado, os dados apontam que o custo médio para a construção de novas residências nos EUA poderá aumentar consideravelmente.

Segundo a entidade americana, apenas em 2024, aproximadamente 7% de todos os produtos utilizados em novas construções residenciais multifamiliares e unifamiliares foram importados, somando mais de US$ 120 bilhões em materiais de construção e habitação. “O custo dos materiais de construção já aumentou 41,6% nos cinco anos desde a pandemia, o que supera consideravelmente a taxa de inflação (21,9%). As tarifas propostas para esses produtos, incluindo materiais de construção, eletrodomésticos e acabamentos, devem interromper cadeias de suprimento e elevar ainda mais os custos de moradia para as famílias americanas”, aponta a minuta do documento.

A medida tarifária é motivo de preocupação crescente também, por outros motivos, tais como:

  • 85% da pedra natural consumida nos EUA é importada;
  • O Brasil é o principal fornecedor, respondendo por 22,6% das importações, seguido pela Itália (19,1%)
  • Os materiais mais usados para bancadas são de origem brasileira;
  • Os EUA não têm produção doméstica suficiente para suprir a demanda;
  • A tarifa impactará mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e 200 mil empregos nos Estados Unidos.

O setor em números

A indústria brasileira de rochas naturais é responsável por aproximadamente 480 mil empregos diretos e indiretos em todo o país. Em 2024, as exportações do setor somaram US$ 1,26 bilhão, registrando um crescimento de 12,7% em relação ao ano anterior. Desse total, os Estados Unidos responderam por 56,3%, mantendo-se como principal destino das rochas brasileiras. Já no primeiro semestre de 2025, o segmento alcançou um recorde histórico, com US$ 426 milhões em vendas para o mercado norte-americano, alta de 24,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A Centrorochas é a entidade nacional oficialmente reconhecida pelo setor de rochas naturais, com base no apoio e na adesão voluntária de mais de 230 empresas exportadoras brasileiras, entre associadas e apoiadas institucionalmente. Sua atuação conta com o apoio e o trabalho conjunto do Sindirochas, maior sindicato patronal do setor no país. A associação também mantém interlocução ativa com entidades internacionais do setor, como a Confindustria Marmomacchine (Itália), a Assimagra – Associação Portuguesa da Indústria de Recursos Minerais (Portugal), a IMMIB – Associação de Exportadores Minerais de Istambul (Turquia), além do Natural Stone Institute (NSI), nos Estados Unidos.

A associação reafirma seu compromisso com a defesa da competitividade, da previsibilidade e da presença internacional das rochas naturais brasileiras.