Volta às aulas exige atenção emocional. Como os pais podem ajudar?
Psicóloga alerta para comportamentos que podem indicar estresse em crianças e adolescentes e dá orientações sobre como promover um ambiente de acolhimento e diálogo em casa
"Quero muito ver meus amiguinhos de novo!”. A fala empolgada da pequena Manuela Lopes, de apenas 4 anos, mostra que, para muitas crianças, a volta às aulas é um momento de alegria e reencontros. No entanto, nem sempre esse retorno é fácil ou leve. Segundo especialistas, esse período também pode gerar estresse e ansiedade,especialmente em crianças e adolescentes que passaram por mudanças na rotina ou enfrentam dificuldades de socialização.
De acordo com a psicóloga Mariana Weigert de Azevedo, os sinais de que algo não vai bem nem sempre são óbvios. Mudanças no comportamento, alterações no sono e no apetite, dores físicas frequentes e recusa em ir à escola podem indicar um estado de ansiedade ou estresse. “Muitas vezes, a criança não verbaliza, mas o corpo e os comportamentos falam por ela”, explica Mariana.
A psicóloga também alerta para o impacto das cobranças e comparações em relação ao desempenho escolar. Frases como “você precisa tirar notas melhores” ou “seu colega se saiu melhor” tendem a aumentar a pressão e a ansiedade. O ideal, segundo ela, é valorizar o esforço, a dedicação e o processo de aprendizagem. “Criar um ambiente de apoio e compreensão fortalece a autoestima e reduz a pressão”, orienta.
A psicóloga informa que é necessário uma escuta ativa com as crianças e adolescentes. Foto: Divulgação
Para incentivar uma comunicação aberta em casa, Mariana recomenda que os pais escutem ativamente os filhos, sem julgamentos ou interrupções, e acolham suas emoções. “Validar os sentimentos, por menores que pareçam, é essencial para criar confiança. Compartilhar dificuldades que os adultos também enfrentam ajuda a mostrar que errar e ter medo faz parte da vida”, afirma.
No caso de crianças que ficaram mais isoladas, o incentivo à socialização deve ser feito de forma gradual e respeitosa. A psicóloga também destaca a importância de conversar abertamente sobre o bullying. “É preciso que a criança saiba que pode contar com seus responsáveis. Se necessário, o apoio psicológico deve ser buscado o quanto antes”, diz Mariana. Atividades em grupo, como oficinas e esportes, podem facilitar essa reintegração.
O envolvimento afetivo da família, aliado ao apoio da escola e, quando necessário, da psicologia, é fundamental para que o retorno às aulas seja um momento saudável de aprendizado e crescimento.

