Agosto Cinza alerta para prevenção e tratamento da catarata

Doença é a principal causa de cegueira tratável no mundo e atinge milhões de pessoas

Agosto Cinza alerta para prevenção e tratamento da catarata
Foto: Divulgação

A catarata é a principal causa de perda de visão tratável no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e no Brasil, estima-se que mais de 48% dos casos de cegueira sejam causados por ela. Pode afetar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, limitando atividades diárias como dirigir, ler e reconhecer rostos.

O mês de agosto é marcado pela iniciativa de conscientizar as pessoas sobre a importância de prevenir, diagnosticar e tratar a catarata. O nome Agosto Cinza vem da aparência que a catarata pode causar na pupila em estágios avançados, quando ela fica com um tom acinzentado ou esbranquiçado. 

De acordo com a oftalmologista Liliana Nóbrega, a catarata é a opacificação ou perda de transparência do cristalino, a lente natural do olho. “Todos nós teremos catarata, devido ao processo natural de envelhecimento, entre os 55 e 65 anos. A boa notícia é que é tratável, então as pessoas têm que saber que não precisam conviver com a visão embaçada e que o diagnóstico precoce faz toda a diferença”, alertou. 

Sintomas

Os sintomas da catarata costumam aparecer aos poucos, no início, ela pode ser assintomática. À medida que a doença progride, os sintomas se tornam mais evidentes. O mais comum é a visão embaçada. Outros sinais incluem dificuldade para enxergar à noite, sensibilidade à luz, mudança na percepção das cores, além de dificuldade de leitura e visão de perto.

A oftalmologista explica que o diagnóstico da doença é feito durante um exame ocular abrangente, incluindo uma série de testes, como avaliação da acuidade visual, exames de refração, medição da pressão intraocular e ultrassonografia ocular.

Segundo a médica, a catarata é, provavelmente, a cirurgia mais realizada no mundo atualmente. E tem-se muita tecnologia envolvida na realização do procedimento. “É uma cirurgia extremamente moderna, segura, em que não só conseguimos tirar a opacificação e restabelecer a visão do paciente, como também corrigir os graus em todas as distâncias, através de lentes intraoculares ultramodernas, de altíssima tecnologia”, afirmou. 

A especialista enfatizou que a cirurgia de catarata é tranquila, não tem internação hospitalar, sendo feita sob anestesia local e sedação venosa. É realizada em um olho de cada vez. Não se faz os dois olhos de uma vez, por se tratar de uma cirurgia intraocular. O paciente tem uma internação muito curta, de algumas horas. E no pós-operatório, deve seguir as recomendações médicas com seus devidos critérios, como: usar os colírios necessários, evitar esforço físico durante uma semana, não molhar os olhos e evitar esfregá-los. 

Liliana ainda explica que se o paciente deseja se livrar do uso de óculos, além da cirurgia de catarata, pode ser feito o implante de lentes intraoculares, para melhorar a visão. “Podemos implantar lentes trifocais, lentes de foco estendido ou lentes tóricas. Elas têm muita tecnologia associada e vão oferecer multifocalidade, ou seja, vão dar visão de longe, intermediária e de perto. E, ainda, corrigir o astigmatismo”, revelou. 

A oftalmologista Liliana Nóbrega. Foto: Divulgação

Ela reforça que essas lentes têm que ser muito bem indicadas. Os pacientes precisam ser examinados, com cuidado, através de exames complementares, para descobrir se têm a indicação do uso desse material de altíssima tecnologia, entregando o máximo da potencialidade da visão. Para isso, são feitos todos os exames necessários, investigando se a parte ótica do olho está normal e poderá receber uma lente com esse calibre.

A médica explica que existe, ainda, a cirurgia facorrefrativa, que pode ser realizada em indivíduos que não têm catarata, mas que não querem mais depender de óculos. O procedimento tem o consenso do Conselho Brasileiro de Oftalmologia para ser feito em pacientes a partir dos 55 anos. “Supondo que um paciente chega nessa idade e quer abolir, de vez, o uso de óculos, mas não tem catarata. Então, fazemos a cirurgia, denominada de facorrefrativa, cujo objetivo é a extração do cristalino, que ainda está transparente e não virou uma catarata. É a mesma cirurgia tecnicamente, só que com outro nome e objetivo”, concluiu.

Cuidados e recuperação

Alguns hábitos podem contribuir para retardar o surgimento da catarata. Uma alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e cuidados com a saúde em geral ajudam a manter um metabolismo mais saudável. Já condições como diabetes descontrolado, por exemplo, podem acelerar o aparecimento da doença. Dessa forma, o controle adequado da glicose no sangue é uma das medidas mais eficazes para adiar o avanço da catarata.

Após a cirurgia, a recuperação costuma ser rápida. No dia seguinte ao procedimento, o paciente pode apresentar a pupila dilatada, o que ainda compromete um pouco a visão. No entanto, em poucos dias, a capacidade visual começa a ser restabelecida. O tempo de recuperação varia conforme o tipo de lente implantada e o objetivo da cirurgia, mas, em geral, entre três e sete dias o paciente já volta a enxergar com mais clareza.

Mesmo com os avanços tecnológicos, o acompanhamento oftalmológico é indispensável para quem passa pela cirurgia de catarata, e também para quem ainda não realizou o procedimento. O médico deve avaliar regularmente a posição da lente implantada, além de monitorar possíveis alterações oculares, como olho seco, glaucoma, retinopatia diabética e doenças da retina, que podem interferir no resultado da operação. Com o tempo, pode ocorrer a chamada opacificação da cápsula posterior, uma película que se forma atrás da lente intraocular e prejudica a entrada de luz. Esse problema, muitas vezes confundido com a volta da catarata, pode ser resolvido com um tratamento simples, realizado por meio de laser YAG, que devolve a nitidez à visão.

"É importante reforçar que a catarata não volta após ser retirada. Uma vez feita a cirurgia e implantada a lente intraocular, o problema não se repete. O que pode ocorrer é justamente essa opacificação natural da cápsula, mas que não significa a reincidência da doença. Por isso, o acompanhamento periódico com o oftalmologista continua sendo essencial para garantir bons resultados a longo prazo e preservar a saúde dos olhos", finaliza Liliana.